terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mosca de setembro: Para Febo, para Siegfried


da árvore sou o centro
sou dafne
bruníssima
nem deusa
nem ninfa
nem fruta
nem galho.

(Mosca sobre foto Daniel Mastroberti)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

HEXAGRAMA III - DIFICULDADE INICIAL (Passeio na praia)

Em algum lugar, Céu e Terra se encontram
lá, onde tudo é plasma úmido e azulado.
A Terra é plana, o Céu é cúpula
- o que quer que digam os geólogos, os astrônomos, os físicos!
Se eu continuar no passo mole à sabor da brisa
alcanço o Ponto-sem-retorno, espio o universo e suas engrenagens.

Enquanto rumo em direção ao Norte
olhos postos no horizonte de areia, bruma e água salgada
o ar espessa às minhas costas
o chão responde em raios
o Mar se ergue em sinal de alerta:
a brisa apavorada me ultrapassa em velocidade de vento.

Me arrepia uma nuvem feia e enorme.
Perigo
- mas voltar não posso.
A areia covarde foge em sinuosas riscas
as ondas valentes se põem em guarda.
Ao Norte contudo o sol assemelha a vista a um lugar encantado.

Persevero, forçando o passo.
Mas há o muro de vento.
Petreficada em areia e sal, paro:
um borrão cinza tomou o sol.
Meia-volta: surpresa!
Ao Sul, o Céu azul e a Terra branca.

Estava certa: "Existe mesmo um Ponto-sem-retorno
impossível, onde o mundo se desfaz
e andamos sobre o Abismo."
Ao tentar transgredi-lo, vislumbrei suas engrenagens.

Até onde iria aquela nuvem negra, a provocar discórdias entre o Mar, a Terra e o Céu?
Exausta, acenei alegre aos que me esperavam, protegidos pelo guarda-sol.