sábado, 10 de agosto de 2013

O macaco despido

Quando o macaco decidiu evoluir, emprestou-se sapatos e roupas. Achava que assim mais se aproximaria da aparência eterna dos deuses aos quais, conforme o Verbo, apregoavam-lhe assemelhar. Em sua incipiência, não podia saber que a vida é volutiva: um dia, desgasto o corpo e despida as vestes, o macaco torna ao bicho que sempre foi. De nada servem suas ciências, suas virtuais qualidades. É nu e viscerado que abandona todo falso pudor e toda hipocrisia. Retorna à espécie. E, ao retornar, morre.

Desmoral: Só vislumbramos o que realmente somos duas vezes: quando nascemos e quando morremos. Em ambas as oportunidades, não o sabemos.