segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Faces that are worth to book


2009: agosto...



setembro...


outubro...



Antes disso, Face hasn't booked me at all.
Mais je suis sûr d'avoir déjà un visage.
Só não sei mais qual.

domingo, 6 de setembro de 2015

A banana interdisciplinar

Foto de Marcelo Rosa. Fonte: NPDiário

Das bananas produzidas e comidas inteiras, os macacos, graças a uma sofisticada tecnologia, passaram a produzi-las de forma separada. Casca pelos especialistas em cascas; polpa pelos especialistas em polpas.
Disponibilizadas em separado, casca e polpa seriam, segundo a antiga ciência, melhor absorvidas.
Com o passar do tempo, porém, cascólogos e polpólogos, cada vez mais especializados, foram especializando da mesma forma seus produtos, a ponto de torná-los irreconhecíveis.
Por convenção, a banana prosseguia sendo o alimento indispensável aos macacos; na prática, porém, a fruta amarela e alongada, doce e aromática já não era mais consumida. Gerações mais novas não saberiam reconhecer uma banana se a vissem inteira - havia, inclusive, quem conspirasse contra a sua existência.
Cascas e polpas, separadas, enegreciam rapidamente - seu sabor e textura eram desagradáveis. Continuavam a ser ingeridas por obrigação, por falta de opção e por apatia.
Foi quando jovens símios dissidentes passaram a preferir outros frutos integralmente cascudos e polpudos. Investidos de uma nova e desconhecida energia, evadiram dos refeitórios públicos e tradicionais, recusando-se a comer o que lhes era diariamente oferecido em vasilhas separadas.
Polpólogos e cascólogos, despreparados para uma demanda que escapava a sua especialidade, foram demitidos. O desemprego assustou alguns macacos poderosos.
Das instâncias superiores, decretou-se: é eminente que a casca e a polpa da banana sejam novamente reunidas!
O rebuliço tomou conta da macacada: como retomar a antiga e esquecida banana a partir de sua casca e polpa? Mutadas ao longo de décadas e décadas, uma não se ajustava à outra. Seria preciso partir do zero, redescobrir a bananeira original, onde quer que ela estivesse, e voltar a cultivá-la.
Muito tempo seria dispendido na leitura de alfarrábios, para reencontrar a banana perdida.

Desmoral: enquanto isso, no fundo dos quintais, é possível vislumbrar algumas bananeiras. Seus cachos são consumidos despudoradamente e, ainda que deconheçam o nome desses deliciosos frutos, eles são de longe os preferidos pelas jovens gerações dissidentes.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Miniaturas VIII - história de camponesa

Na falta de varão, foi defender as terras uma jovem donzela cujo sexo a armadura recobriu. Ela enfrentou o dragão e salvou uma linda princesa, que por sua heroína se apaixonou. Pensou a donzela: "o que mais vale: tornar ao campo ou atender à alteza?" Casou-se, pois, e rei se fez.

Bananarte 2


bananarte de Keisuke Yamada

Um dia, o macaco olhou para um cacho de bananas e ficou com vontade de mexer com elas, tão maravilhosas pareciam. Em uma delas grafou algumas palavras - e compôs um poema. Sobre outra coloriu a casca com pincéis e tintas - e produziu uma pintura. A seguinte, cortou delicadamente e esculpiu-lhe um novo formato.
- De que serve isso? - perguntou a macacada - bananas foram feitas para comer!
- Vocês têm razão - respondeu o macaco criador -, assim elas não servem à nada.
E riu livre, tão livre quanto o novo uso que dera às suas bananas, cujo destino não era o de serem comidas.

Desmoral: a arte pode ser útil, mas não escrava: não deve servir à nada, tampouco à ninguém.